quinta-feira, outubro 27, 2005

Memória curta

Como é possível que se tenha dois candidatos à Presidência da Republica que manifestamente são dos maiores culpados da situação que hoje o nosso país atravessa?!
Esta possibilidade não me assusta, mas o facto de haver pessoas que votarão neles é que me atormenta...
São os candidatos que mais tempo (des)governaram os nossos destinos após o 25 de Abril, que maiores condições tiveram para fazer Portugal e o que se vê hoje?!

segunda-feira, outubro 24, 2005

Elogio ao Amor

(Recebi este texto por mail. Certamente que muitos de vós também o receberam da mesma forma. Achei este texto fabuloso. Obrigado Meia Lua...E que tudo te tenha corrido bem.)

Quero fazer o elogio do amor puro.
Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática.
Porque dá jeito.
Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa.
Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo".
O amor passou a ser passível de ser combinado.
Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões.
O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem.A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível.
O amor tornou-se uma questão apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.
Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.
Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.
Já ninguém se apaixona?
Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra.
O amor não é para ser uma ajudinha.
Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".
Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores.
O amor fechou a loja.
Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade .
Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.
O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.O amor é uma coisa, a vida é outra.
A vida às vezes mata o amor.
A "vidinha" é uma convivência assassina.
O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima.
O amor não se percebe. Não dá para perceber.
O amor é um estado de quem se sente.
O amor é a nossa alma.
É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.
O amor é uma verdade . É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser.
O amor é uma coisa, a vida é outra.A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida.
A vida que se lixe.
Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente.
O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz.
Não se pode ceder. Não se pode resistir.
A vida é uma coisa, o amor é outra.A vida dura a vida inteira, o amor não.
Só um mundo de amor pode durar a vida inteira.
E valê-la também.

Miguel Esteves Cardoso

sábado, outubro 22, 2005

Adeus

Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo:
meu amor,já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus

Eugénio de Andrade

quinta-feira, outubro 20, 2005

Mais um para visualizar

Para quem gosta de Aves e não só, aqui fica mais um endereço que podem visitar. A minha participação por lá também se faz notar. Timidamente, mas também lá anda.
Aves em Portugal

terça-feira, outubro 18, 2005

Revisitar

Há aqueles dias em que a Saudade aperta e a vontade de ouvir a tua voz é forte.
Apesar do que me fazes existem coisas que não consigo evitar.
Gostava de ser como tu.
Não pensar.
Não fazer nada.
Não sentir nada.
Tudo não passou de uma ilusão criada por mim.
Mas depois caio na realidade e agradeço por ser como sou.
Esta especie de romântico decadente, que apesar de todo o mal que lhe fazem, de todas as mentiras e falsidades em que se vê envolvido, continua a acreditar nas pessoas.
A querer que tudo seja especial. Fomenta sentimentos e sem medo de arriscar, de partilhar...principalmente por ser como é...
Sem ouvir os outros, sem ver os outros...
Mas há coisas que não mudam.
Só o tempo pode se encarregar, já me o disseram...
Eu reformulo:
É tudo uma questão de oportunidade.
Eu é que faço o meu tempo.
Eu é que tenho que me modelar por me conhecer tão bem.
Eu é que sei como tornar as minhas fraquezas em força.
Eu é que sei como tenho passado estes dias...
Eu é que sei o que tenho feito para não te voltar a ligar...

segunda-feira, outubro 17, 2005

Ultimas visualizações

Por vezes é de estranhar a falta de projecção que certos filmes (não) têm nas ditas grandes cadeias de distribuição.
Tive pena de não os ter visto quando sairam, mas nunca é tarde...
Aqui ficam os ultimos titulos que vi:

- Querido Frankie - Um filme "delicioso" que ainda por cima tem na banda sonora um tema de Damien Rice

- 2046 - Talvez este tenha tido uma maior publicidade, mas mesmo assim...Gostei imenso deste filme. Faz olhar em demasia para dentro de nós. Sem contar, claro está, que no elenco encontra-se uma das minhas actrizes favoritas,
Zhang Ziyi .

- Sideways - Revejo assim daqui a uns anos e não serão muitos...

domingo, outubro 16, 2005

O mais pequeno conto de fadas do Mundo

Era uma vez um rapaz que pediu a uma rapariga:
"Casas comigo?"
A rapariga disse
"NÃO"
E o rapaz viveu feliz para sempre, e foi à pesca, à caça, jogou golf e bebeu cerveja sempre que quis.
Fim

sábado, outubro 15, 2005

Ovo Kinder

Isto de ir ao Santiago Alquimista só é comparavel a um ovo Kinder.
Sabe-se sempre que é bom, só nunca se sabe a surpresa que tem no interior...

quinta-feira, outubro 13, 2005

Luz

Assim que o li, tive que arranjar forma de o partilhar. Para quem o queira ler. Para quem ainda tenha um pouco de Poesia no interior...

Talvez que noutro mundo, noutro livro,
tu não tenhas morrido
e talvez nesse livro não escrito
nem tu nem eu tenhamos existido

e tenham sido outros dois aqueles
que a morte separou e um deles
escreva agora isto como se
acordasse de um sonho que

um outro sonhasse (talvez eu).
E talvez então tu, eu, esta impressão
de estranhidão, de que tudo perdeu
de súbito existência e dimensão,

e peso, e se ausentou,
seja um sonho suspenso que sonhou
alguém que despertou e paira agora
como uma luz, pelo lado de fora.

Manuel António Pina

Is it a crime

This may come,
This may come as some surprise
but I miss you
I could see through all of your lies
but still I miss you
he takes her love, but it doesn't feel like mine
he tastes her kiss, her kisses are not wine, they're not mine
he takes, but surely she can't give what I'm feeling now
she takes, but surely she doesn't know how

Is it a crime
Is it a crime
that I still want you
and I want you to want me too

My love is wider, wider than Victoria Lake
My love is taller, taller than the empire state
It dives and it jumps and it ripples like the deepest ocean
I can't give you more than that, surely you want me back

Is it a crime
Is it a crime
that I still want you
and I want you to want me too

My love(is)wider than Victoria Lake
taller than the empire state
It dives and it jumps
I can't give you more than that, surely you want me back

Is it a crime
Is it a crime
that I still want you
and I want you to want me too

Sade

quarta-feira, outubro 12, 2005

Uma pequena História

Recebi isto por mail e resolvi deixar aqui um pouco desta história...

Durante grande parte de minha vida, uma destas histórias me deixava muito intrigado: o mito de Psyche.
Era uma vez...uma linda princesa, admirada por todos, mas que ninguém ousava pedir sua mão em casamento. Desesperado, o rei consultou o deus Apolo; esse disse que Psyche deveria ser deixada sozinha, vestida de luto, no alto de uma montanha. Antes que o dia raiasse, uma serpente viria a seu encontro para desposá-la. O rei obedeceu, e por toda a noite a princesa esperou, aterrorizada e morta de frio, a chegada de seu marido.
Terminou adormecendo; ao despertar, estava em um lindo palácio, transformada em rainha. Todas as noites seu marido vinha a seu encontro, faziam amor, mas ele havia imposto uma única condição: Psyche podia ter tudo o que desejasse, mas devia demonstrar total confiança, e jamais poderia ver seu rosto.
A moça viveu muito tempo feliz; tinha conforto, carinho, alegria, estava apaixonada pelo homem que lhe visitava todas as noites. Entretanto, vez por outra tinha medo de estar casada com uma serpente horrorosa. Certa madrugada, quando o marido dormia, com uma lanterna iluminou a cama; e viu, deitado ao seu lado, Eros (ou Cupido) - um homem de incrível beleza. A luz o despertou, ele descobriu que a mulher que amava não era capaz de cumprir seu único desejo, e desapareceu.

Sempre que eu lia este texto, me perguntava: será que não podemos nunca descobrir a face do amor?
Foi preciso que muitos anos passassem por debaixo da ponte de minha vida, até compreender que o amor é um ato de fé em uma outra pessoa, e seu rosto deve continuar envolto em mistério. Ele deve ser vivido e desfrutado a cada momento, mas sempre que tentemos entendê-lo, a magia some.
Claro que não é fácil, e às vezes sinto-me como Psyche no penhasco, com frio e terror; mas se sou capaz de passar aquela noite, e entregar-me ao mistério e à fé na vida, termino sempre por acordar em um palácio. Tudo que preciso é confiar no Amor, mesmo correndo o risco de errar.

Concluindo o mito grego:
Desesperada para ter seu amor de volta, Psyche se submete a uma série de tarefas que Afrodite (ou Vênus), mãe de Cupido (ou Eros), invejosa de sua beleza, lhe impõe – uma dessas tarefas era a de que entregasse um pouco de sua beleza para ela. Psyche fica curiosa com a caixa que conteria a beleza da Deusa e novamente não consegue lidar com o Mistério – resolve abri-la – na caixa nada encontrou de beleza, mas sim um infernal sono que a deixou inerte, sem movimentos.
Eros/Cupido também está apaixonado, arrependido por não ter sido mais tolerante com sua mulher. Consegue entrar no castelo e despertá-la de seu sono profundo com a ponta de sua flecha e mais uma vez lhe diz – quase morreste devido a sua curiosidade – esta a grande contradição, Psyche que buscava encontrar segurança no conhecimento encontrou insegurança.
Os dois vão até Júpiter, o deus supremo, implorar que esta união jamais possa ser desfeita.
Júpiter advogou com empenho a causa dos amantes que conseguiu a concordância de Vênus. A partir deste dia, Psyche (a essência do ser humano) e Eros (o amor) estão para sempre juntos. Quem não aceitar isso, e procurar sempre uma explicação para as mágicas e misteriosas relações humanas, irá perder o que a vida tem de melhor.

Últimas tendências

Literárias:
Após a leitura:Os contos do Gin Tónico e Os novos contos do Gin Tónico comecei a reler novamente o Amor é Fodido.
É um bom livro, algumas pessoas se o lessem aprendiam muito...

Musicais:
Depois de ouvir:
Clã - Clã ao Vivo;
The Gathering: B- sides and rarities
Maria Rita - Segundo
A máquina acaba por tocar Damien Rice - Nine Crimes.

segunda-feira, outubro 10, 2005

Tantra Chinês

Há muitas pessoas que já devem ter lido isto, mas aqui ficam, para mim as mais importantes, em que uma delas, leva uma pequena alteração...

DEZOITO
Não deixes uma pequena disputa, ou lá o que seja, afectar uma grande amizade!!!!!!!

VINTE E UM
Passa algum tempo sozinho.

(De todos este é o que eu mais aplico, sem sombra de dúvida...)

domingo, outubro 09, 2005

Chove

Chove lá fora...
Seria um sonho poder estar abraçado enquanto se ouvia a chuva a bater nos estores e o sussuro do vento na janela...
Mas chove somente, sem abraços, sem nada...

Noticias e música

Dei inicio a uma nova "mostra" de retratos. Para confirmar é só ir ao site 1000Imagens, cujo link directo anda por aí...Se não acharem o link directo é só procurar por mim. Chamem-me que eu apareço.
E como tem sido hábito, fica aqui mais uma músiquinha, do grande Mestre Jorge Aragão...

Enredo do meu samba

Não entendi o enredo
Desse samba amor
Já desfilei na passarela do teuCoração
Gastei a subvenção
Do amor que você me entregou
Passei pro segundo grupo e com razão
Passei pro segundo grupo e com razão (Não entendi)
Meu coração carnavalesco
Não foi mais que um adereço
Teve um dez em fantasia
Mas perdeu em harmonia
Sei que atravessei um mar
De alegorias
Desclassifiquei o amor de tantas alegrias
Agora sei
Desfilei sob aplausos da ilusão
E hoje tenho esse samba de amor, por comissão
Findo o carnaval
Nas cinzas pude perceber
Na apuração perdi você

sexta-feira, outubro 07, 2005

Música do momento

Ando mesmo feito um lamechas...Esta é a música do momento. Gosto mesmo de ouvir isto. Em particular a parte em negrito...

Di - rect
Don´t kill me tonight

When I’m on the loose
It is you who’s shining through and through again
Whenever the rain comes down, the sun turns gray
When I needed you, you were always there
When it comes to you, really nothing can compare
You feel what I feel, know what I know
Even through the darkest night
You’ll see what I see
There’s a reason to believe in you and me…
I would die if you left me
Drowning in sorrow
Baby don’t kill me tonight
Would you hold on to me, girl?
And love me tomorrow
When I’m feeling blue
It is you who’s reaching out for me again
Whenever I need your wings to fly away
You feel what I feel, hear what I hear
Even through the darkest night
You’ll sleep when I sleep
There’s a reason to believe in faith cause
Heaven sent me you
I would die if you left me
Drowning in sorrow
Baby don’t kill me tonight
Would you hold on to me, girl?
And love me tomorrow
Love me tomorrow again
So if you need me, I will be near
Another thousand miles, I will be there
I will hear you, I will see through
Even through the darkness I’ll be true
I would die if you left me
Drowning in sorrow
Baby don’t kill me tonight
And so I wrote you these words down
For you to remember
For you to remember why
I love you

terça-feira, outubro 04, 2005

Pergunta retórica

Por muito que tente, existem dias em que ainda andas pelo meu pensamento.
Apesar de saber a resposta, pergunto-me se o mesmo também se passa contigo...