quinta-feira, outubro 13, 2005

Luz

Assim que o li, tive que arranjar forma de o partilhar. Para quem o queira ler. Para quem ainda tenha um pouco de Poesia no interior...

Talvez que noutro mundo, noutro livro,
tu não tenhas morrido
e talvez nesse livro não escrito
nem tu nem eu tenhamos existido

e tenham sido outros dois aqueles
que a morte separou e um deles
escreva agora isto como se
acordasse de um sonho que

um outro sonhasse (talvez eu).
E talvez então tu, eu, esta impressão
de estranhidão, de que tudo perdeu
de súbito existência e dimensão,

e peso, e se ausentou,
seja um sonho suspenso que sonhou
alguém que despertou e paira agora
como uma luz, pelo lado de fora.

Manuel António Pina

2 Comments:

At 3:39 da tarde, Anonymous Anónimo said...

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At 3:40 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

 

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