sexta-feira, outubro 31, 2008

Escrever faz bem...

Nunca pensei que me custasse tanto esta separação.
O tempo não passa, os pensamentos arrastam-se pelas longas horas. Demasiado longas, como se nada mais houvesse a fazer. Este lento desenrolar dos acontecimentos que não acontecem, em que nada muda, mas ao mesmo tempo tudo se passa.
Na imobilidade também há revolução. Na quietude há movimento.
Saber esperar é uma virtude, estão-me fartos de dizer. Estou farto de ouvir falar.
Espero pelo quê?!
Espero por quem?!
São perguntas, sem resposta como tantas outras que me passam pela cabeça, enquanto a quietude não se torna movimento e o movimento não se torna quietude.
Enquanto não aparecem as respostas…
Terei que as procurar noutro local, noutras pessoas, mas na ignorância não quero ficar.
Ando em círculos, quase que perdido, às voltas, sem rumo.
Sem o porto amigo em que me podia abrigar. Sem o quente conhecido, o tecto por cima de todos os problemas.
No regresso, o que esperar?!
Começo a pensar que por muito doloroso que seja, o melhor seria mesmo ficar por aqui. O nosso tempo já era e não me parece que o queiras recuperar. Eu já lá estive, já vi, já provei dos pratos mais amargos.
Tem que ser, ver para crer.
Quanto mais penso, só vens tu à cabeça. Só tu…O teu feitiço foi forte. A terminar assim, não sei quando estarei curado e preparado para mais.
Não penso em mais nada a não ser na tua volta. Não penso em mais nada a não ser no que poderás estar a fazer neste momento.
És livre de fazeres o que quiseres, menos de me voltares a magoar.
Por muito que isto me custe ainda mais.
Custa-me. Dói…Arde cá dentro e de que maneira…
A espera é longa, nada se transforma. Nada de novo acontece, nem uma única boa noticia há semanas. Nenhuma novidade.
Não há desenvolvimentos e o desespero toca-me ao de leve. São meses de espera, tempo a mais. Para as minhas ideias de grandiosidade, de grandes planos.
De felicidade…

O silêncio. A ausência. Tudo que me transforma em nada.
As mesmas músicas tristes, os mesmos pensamentos. Não pensei chegar a este ponto. Nunca.
Não me via num cenário tão negro. Sozinho, sem nada.
E principalmente sem ti...
Sempre soube e temia, que este dia haveria de chegar, que os meus frágeis sonhos se quebrariam.
E esperava que soubesses o quanto significas para mim. Não saber nada tortura-me e de que maneira, mas talvez seja melhor assim.
Pode ser, que um dia, te consiga aceitar de volta, facilmente. Não dá para entender o porquê destas decisões, tão abruptas quanto descabidas. Mas tu és assim, senhora do teu nariz.
Não consigo pensar em mais nada, a não ser em ti.
No que fazes neste momento.
Se a ti também te dói a ausência, o silêncio, o gelo criado entre nós.
A cada inferno de dia que passa, o sentimento de impotência aumenta. Não sei de nada, o telefone não toca, nem para más, nem para boas notícias.
O mutismo forçado quebra-me por dentro, corrói e destrói o pouco que sou.
A pouca força que tinha, os ideais pelos quais quis lutar, mas que tudo ruiu.
Terminou assim, sem mais nem menos.




Desde que te foste embora.
Desde que partiste.
Desde que foste embora que não encontro o meu caminho. Pensei que ia ser mais fácil, assim me mentalizei, mas como estou enganado.
Estou vazio, perdido.
Sem sentido ou direcção.
Sem rumo, sem leme.
Perdido no tempo...
Perdido, sem ti.
Sem conseguir encontrar um caminho, como preciso de ti…
As horas não passam, não saber de ti em nada ajuda.
Nada ajuda o que penso, ou o que pensar. São-me ainda mais dolorosas as imagens que me toldam a mente. Porque penso isto?! Estará mesmo a acontecer?! Eu não duvido que sim, que acontece, ou aconteceu. E por muito que o possas vir a desmentir eu não conseguirei acreditar em ti. A confiança nunca abundou, fruto daquilo por que já passei. Fruto daquilo que já vi, fruto daquilo que sinto.
Realmente gosto de me martirizar…
É ridículo o estado em que estou. No que me tenho tornado nos últimos meses. Quase que um bicho, isolado, fechado em si mesmo.
Num buraco, onde nada me toca, mas onde tudo me fere.
Não consigo deixar de fazer grandes filmes na minha cabeça. E o pior é que eu tenho a certeza de estão a acontecer. E não me a tiram, por nada deste mundo.
Ou talvez seja só a minha mágoa a falar, a exprimir-se.
Estarei a ficar doido?! Não me dá para concentrar em mais nada…Absolutamente em mais nada!!!!!!!!!!!
E com razão, nada vai ficar igual. Nem já vale a pena tentar lutar, pelo que já lá vai. Eu não o irei fazer. O passado está lá atrás e pelo modo como se fala, já parece bem antigo. Eu não vou voltar a mexer em nada… A preocupação não é nenhuma, até parece…nem sei o que parece. Não me vou preocupar mesmo, o melhor é enterrar de vez este, mais um, fantasma.
Estas histórias não me convencem, nem sequer a ti. A verdade não está presente no discurso. Não está!!!!!!
Não sei no que pensar. Não sei mesmo no que acreditar…
Acreditar, só mesmo em mim. Por tudo o que tens dito e feito, sozinho não consigo.
Sei que digo coisas feias, mas também as ouço. Não serve de desculpa este facto e em nada altera ou minimiza a minha parte da culpa neste processo.
Mas eu ao menos reconheço isso. Não me calo e não me escondo atrás do orgulho.
Há muito tempo que não me sentia assim, destroçado.
Já me tinha esquecido o quanto doloroso isto pode ser.
Tinha-me convencido de que nunca mais iria conhecer esta dor, esta magoa que me consume. Desde do momento em que me apaixonei por ti. Pensava que não precisaria de mais nada, para além da tua companhia. Serias o meu alimento e o meu oxigénio, tudo o que me falta agora.
Pelo teu silêncio, pelas palavras que ficam por dizer, a dor não passa…
Será possível isto terminar assim?!
Tudo o que eu preciso e tudo o que eu quero és tu nos meus braços…
Ou pelos menos gostava, ou queria. Já nem sei muito bem.
E com tudo isto, estou a ficar um profissional do solitário.

terça-feira, outubro 28, 2008

A vã glória da deriva

Bonito…
Meto o media player a funcionar e logo a primeira música, a escolha foi aleatória, intitula-se “I’m nothing”.
Espectáculo…
Significativo. É de bem ver que é mesmo assim que me sinto. Nada, um grande bocado de nada.
O dia tem sido passado da pior maneira possível. Porquê?!
É a pergunta que mais vez me vem a cabeça. Porquê?
O que ainda há mais que eu tenha que passar? O que tenho feito de errado por aqui?!
Eu não acredito que tenha que passar por uma existência tão triste, que tenha que andar uma vida inteira a pensar naquilo que queria ser.
Não me pode acontecer isso. Não vou deixar que me aconteça isso.
Algo tem que mudar, já está mais que na altura de o fazer. Cortar as amarras. Largar o barco que ainda anda a deriva, sem rumo e sem vontade própria.
Tenho que o largar, antes que eu não tenha escape, nem salvação. Tenho-me esgotado em tentativas, vãs, de o levar a bom porto, mas não chega lá.
Nem vai chegar deste modo e disso tenho a certeza.
Não posso esperar mais. Já chega, tenho que cortar este laço de uma vez. Só assim deverei ser capaz de fazer e seguir com aquilo que quero. Deixar-me de preocupar, de ter mais coisas na cabeça.
Já chega, está na hora de tomar o leme e retomar o rumo, sem paragens, nem percalços. Apenas seguir com o que já está planeado. Há muito tempo.
Está na altura de fazer a minha vida outra vez.
Sozinho.
Como sempre a planeei.
Sem entraves, nem justificações.
Fazer aquilo que sempre quis.
Estranhas ideias que me ocorrem por estes dias, nenhuma é melhor que a precedente.
Hoje cheguei a conclusão de que cheguei a um patamar, perante o qual vai ser perigoso continuar pelo mesmo caminho.
Os acontecimentos de ontem precipitaram as coisas para que nesta hora que agora corre, pense assim.
É o melhor.
O silêncio em nada ajuda.
Não sei até quando irei conseguir aguentar. Custa imenso estar num sitio com tantas recordações. Num sitio onde toda a gente se recorda de quem tu és. Que se recorda daquilo que és para mim. Dói…
Serei só eu a perceber isso?!
Serei só eu a sofrer a sofrer com essa separação?!
Esta dor dilacera-me aos poucos, mata-me lentamente. Impede-me de respirar.
Será possível?!
O espanto de quem nos conheceu e vê como tudo terminou, sem razão, sem lógica a não ser para ti, como sempre.
Estou só.
Frio e sem capacidade para me aproximar. Sem vontade de te ter de volta.
Se nem eu te consigo entender, mesmo sabendo o que estás a fazer.
Não é possível que as coisas sejam como tu as pensas, que a solução está naquilo que me dizes.
Não estás certa. Não estas, porque não me dizes a verdade, porque me escondes a verdade.
Aquilo que porque realmente lutas está longe de ser o que realmente tens que fazer, ou pelo menos o que sempre me disseste que querias fazer.
O dia vai longo, as horas passam.
E…
Não sei bem o que se vai continuar a passar. Já esperei o que tinha a esperar, já fiz o impossível por nós, mais do que alguma vez deveria de ter feito.
Esforcei-me. Dei o meu melhor e por isso sei que não é por mim, que não continuamos como sempre fomos vistos.
Um casal apaixonado, de meter inveja a tantos outros.
Nunca quis querer que tudo terminasse assim. Frios, distantes.
Mas assim vai continuar, enquanto me sentir enganado.
Enquanto não souber a verdade.
O que poderá ter mudado em tão pouco tempo?
Nada. Se tudo sempre se manteve igual, não há desculpa para essas alterações.
E aí é que está, nunca, nada mudou.
Custa tanto voltar para trás e ver o que já fizemos, as promessas e palavras ditas, que agora o vento as leva e não as vai trazer de volta.
Nem as palavras, nem a ti.
E neste ponto, nem sei se quero que voltes, se é que estarias a pensar isso, ou se voltares a pensar nisso, já que o teu silêncio é mais que esclarecedor.
Não posso pensar mais nisto, mas o passado, aquilo pelo que se passa, o que se fez em conjunto, volta sempre, persegue, como se fossemos fugitivos.
E são essas mesmas lembranças que me marcam. Que magoam quando a todo o momento me fazem as recordar.
Me prendem e me tiram daquela inércia mental a que me obrigo para que tudo pareça bem, para que tudo esteja bem, aparentemente.
Não há dia que passe que não pense em ti.
Em que não espere que me voltes a procurar.
Não há dia que não passe em que deixo de pensar em ti.