domingo, dezembro 30, 2007

A mente pura

Há muito, muito tempo atrás na China, dois monges budistas estavam a caminhar sobre um trilho campestre. Estava um óptimo dia para passear mas subitamente começou a chover torrencialmente à medida que escuras nuvem cobriram o céu. Os dois monges procuraram logo um abrigo por baixo das folhas de uma grande árvore. Mais tarde, quando a chuva parou e ambos os monges continuaram a jornada no trilho lamacento.

Por fim, chegaram a um local onde o trilho estava alagado e impossível passar sem molhar os pés. Viram uma bela donzela no outro lado do charco; ela estava a chorar. Perguntaram-na o que estava a atormentar e ela respondeu “Saí agora de casa para visitar a minha mãe, mas com esse charco sujo no trilho não consigo atravessar para o outro lado.”

Um dos monges voluntariou-se para a ajudar e atravessou o charco, carregou-a nas suas costas e pousou-a no outro lado. A donzela agradeceu-o e continuou a sua viagem. Depois, ambos os monges continuaram também o seu caminho.

Depois algumas milhas, o monge que não carregou a donzela sobre as costas disse finalmente com raiva, “Porque o fizeste? Somos monges e não é suposto tocarmos as mulheres. Em especial se forem jovens e belas como aquela.” A isto, o outro monge apenas respondeu, “Ainda a estás a carregar nas costas? Eu já a deixei milhas atrás...”

Amigos, conseguem eliminar da vossa mente aquilo que vos perturba continuamente, ou são sensatos o suficiente para eliminá-lo quando necessário e manter uma mente pacífica. É a vossa mente emocional que vos controla ou a mente sensata?

domingo, dezembro 16, 2007

Gostei, coloquei...

Convenção dos feridos por amor




Disposições gerais:

A - Em se considerando que está absolutamente correto o ditado “tudo vale no amor e na guerra”;

B – Em se considerando que na guerra temos a Convenção de Genebra, adotada em 22 de agosto de 1864, determinando como os feridos em campo de batalha devem ser tratados, ao passo que nenhuma convenção foi promulgada até hoje com relação aos feridos de amor, que são em muito maior número;

Fica decretado que:

Art. 1 – todos os amantes, de qualquer sexo, ficam alertados que o amor, além de ser uma benção, é algo também extremamente perigoso, imprevisível, capaz de acarretar danos sérios. Conseqüentemente, quem se propõe a amar, deve saber que está expondo seu corpo e sua alma a vários tipos de ferimentos, e não poderá culpar seu parceiro em nenhum momento, já que o risco é o mesmo para ambos.

Art. 2 – Uma vez sendo atingido por uma flecha perdida do arco de Cupido, deve em seguida solicitar ao arqueiro que atire a mesma flecha na direção contrária, de modo a não se submeter ao ferimento conhecido como “amor não correspondido”. Caso Cupido recuse tal gesto, a Convenção ora sendo promulgada exige do ferido que imediatamente retire a flecha do seu coração e a jogue no lixo. Para conseguir tal feito, deve evitar telefonemas, mensagens por internet, remessa de flores que terminam sendo devolvidas, ou todo ou qualquer meio de sedução, já que os mesmos podem dar resultados a curto prazo, mas sempre terminam dando errado com o passar do tempo. A Convenção decreta que o ferido deve imediatamente procurar a companhia de outras pessoas, tentando controlar o pensamento obsessivo “vale a pena lutar por esta pessoa”.!

Art. 3 – Caso o ferimento venha de terceiros, ou seja, o ser amado interessou-se por alguém que não estava no roteiro previamente estabelecido, fica expressamente proibida a vingança. Neste caso, é permitido o uso de lágrimas até que os olhos sequem, alguns socos na parede ou no travesseiro, conversas com amigos onde pode-se insultar o antigo(a) companheiro(a), alegar sua completa falta de gosto, mas sem difamar sua honra. A Convenção determina que seja também aplicada a regra do Art. 2: procurar a companhia de outras pessoas, preferivelmente em lugares diferentes dos freqüentados pela outra parte.

Art. 4 – Em ferimentos leves, aqui classificados como pequenas traições, paixões fulminantes que não duram muito, desinteresse sexual passageiro, deve-se aplicar com generosidade e rapidez o medicamento chamado Perdão. Uma vez este medicamento aplicado, não se deve voltar atrás uma só vez, e o tema precisa estar completamente esquecido, jamais sendo utilizado como argumento em uma briga ou em um momento de ódio.

Art. 5 – Em todos os ferimentos definitivos, também chamados “rupturas”, o único medicamento capaz de fazer efeito chama-se Tempo. Não adianta procurar consolo em cartomantes (que sempre dizem que o amor perdido irá voltar), livros românticos (cujo final é sempre feliz), novelas de TV ou coisas do gênero. Deve-se sofrer com intensidade, evitando-se por completo drogas, calmantes, orações para santos. Álcool só é tolerado em um máximo de dois copos de vinho por dia.

Determinação final: os feridos por amor, ao contrário dos feridos em conflitos armados, não são vítimas nem algozes. Escolheram algo que faz parte da vida, e assim devem encarar a agonia e o êxtase de sua escolha.

E os que jamais foram feridos por amor, não poderão nunca dizer: “vivi”.Porque não viveram.