terça-feira, outubro 28, 2008

A vã glória da deriva

Bonito…
Meto o media player a funcionar e logo a primeira música, a escolha foi aleatória, intitula-se “I’m nothing”.
Espectáculo…
Significativo. É de bem ver que é mesmo assim que me sinto. Nada, um grande bocado de nada.
O dia tem sido passado da pior maneira possível. Porquê?!
É a pergunta que mais vez me vem a cabeça. Porquê?
O que ainda há mais que eu tenha que passar? O que tenho feito de errado por aqui?!
Eu não acredito que tenha que passar por uma existência tão triste, que tenha que andar uma vida inteira a pensar naquilo que queria ser.
Não me pode acontecer isso. Não vou deixar que me aconteça isso.
Algo tem que mudar, já está mais que na altura de o fazer. Cortar as amarras. Largar o barco que ainda anda a deriva, sem rumo e sem vontade própria.
Tenho que o largar, antes que eu não tenha escape, nem salvação. Tenho-me esgotado em tentativas, vãs, de o levar a bom porto, mas não chega lá.
Nem vai chegar deste modo e disso tenho a certeza.
Não posso esperar mais. Já chega, tenho que cortar este laço de uma vez. Só assim deverei ser capaz de fazer e seguir com aquilo que quero. Deixar-me de preocupar, de ter mais coisas na cabeça.
Já chega, está na hora de tomar o leme e retomar o rumo, sem paragens, nem percalços. Apenas seguir com o que já está planeado. Há muito tempo.
Está na altura de fazer a minha vida outra vez.
Sozinho.
Como sempre a planeei.
Sem entraves, nem justificações.
Fazer aquilo que sempre quis.
Estranhas ideias que me ocorrem por estes dias, nenhuma é melhor que a precedente.
Hoje cheguei a conclusão de que cheguei a um patamar, perante o qual vai ser perigoso continuar pelo mesmo caminho.
Os acontecimentos de ontem precipitaram as coisas para que nesta hora que agora corre, pense assim.
É o melhor.
O silêncio em nada ajuda.
Não sei até quando irei conseguir aguentar. Custa imenso estar num sitio com tantas recordações. Num sitio onde toda a gente se recorda de quem tu és. Que se recorda daquilo que és para mim. Dói…
Serei só eu a perceber isso?!
Serei só eu a sofrer a sofrer com essa separação?!
Esta dor dilacera-me aos poucos, mata-me lentamente. Impede-me de respirar.
Será possível?!
O espanto de quem nos conheceu e vê como tudo terminou, sem razão, sem lógica a não ser para ti, como sempre.
Estou só.
Frio e sem capacidade para me aproximar. Sem vontade de te ter de volta.
Se nem eu te consigo entender, mesmo sabendo o que estás a fazer.
Não é possível que as coisas sejam como tu as pensas, que a solução está naquilo que me dizes.
Não estás certa. Não estas, porque não me dizes a verdade, porque me escondes a verdade.
Aquilo que porque realmente lutas está longe de ser o que realmente tens que fazer, ou pelo menos o que sempre me disseste que querias fazer.
O dia vai longo, as horas passam.
E…
Não sei bem o que se vai continuar a passar. Já esperei o que tinha a esperar, já fiz o impossível por nós, mais do que alguma vez deveria de ter feito.
Esforcei-me. Dei o meu melhor e por isso sei que não é por mim, que não continuamos como sempre fomos vistos.
Um casal apaixonado, de meter inveja a tantos outros.
Nunca quis querer que tudo terminasse assim. Frios, distantes.
Mas assim vai continuar, enquanto me sentir enganado.
Enquanto não souber a verdade.
O que poderá ter mudado em tão pouco tempo?
Nada. Se tudo sempre se manteve igual, não há desculpa para essas alterações.
E aí é que está, nunca, nada mudou.
Custa tanto voltar para trás e ver o que já fizemos, as promessas e palavras ditas, que agora o vento as leva e não as vai trazer de volta.
Nem as palavras, nem a ti.
E neste ponto, nem sei se quero que voltes, se é que estarias a pensar isso, ou se voltares a pensar nisso, já que o teu silêncio é mais que esclarecedor.
Não posso pensar mais nisto, mas o passado, aquilo pelo que se passa, o que se fez em conjunto, volta sempre, persegue, como se fossemos fugitivos.
E são essas mesmas lembranças que me marcam. Que magoam quando a todo o momento me fazem as recordar.
Me prendem e me tiram daquela inércia mental a que me obrigo para que tudo pareça bem, para que tudo esteja bem, aparentemente.
Não há dia que passe que não pense em ti.
Em que não espere que me voltes a procurar.
Não há dia que não passe em que deixo de pensar em ti.