Ano novo, vida velha
Deixei de acreditar na boa vontade das pessoas. Cada vez mais vejo os exemplos que me passam pela frente. Não há boa vontade, apenas interesse. Nada mais do que interesse. E principalmente ver pessoas que já conheço há demasiado tempo e que afinal já não as conheço de modo algum, de tal modo que estão mudadas. Também eu mudei, mas não deverá ter sido para tão mau.O problema da noite é o de avivar as memórias. Estou aqui, novamente, sozinho a ouvir música e a escrever, sem conseguir descortinar o que poderei fazer para minorar o que me aflige. Não se trata só e apenas do trabalho, nem da falta de dinheiro.
Já é tudo. É um conjunto completo de ausência de alternativas, de jogadas possíveis e que me trouxessem algum alento e alegria.
O ano novo está longe de ter começado bem, muito longe. Os fantasmas trouxe-os comigo, apesar de ter aparentemente limpo o armário e retirado tudo o que me podia prender às lembranças de tempos felizes.
Ou pelo menos o eram, na aparência.
Pergunto-me o que poderá ter mudado assim tanto?!
E quando eu mudo de figurino? Até já a mim me chateia esta ausência de realismo. Já está, já acabou. Basta olhar e ver que já terminou. Não te liga, não envia uma única mensagem, nem sequer deve emitir um singelo pensamento em tua direcção.
Não, o teu tempo já foi.
Ou pelo menos o tempo que pensavas que era teu. O teu assento já está ocupado, quando nunca ele esteve livre.
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