domingo, abril 06, 2008

Qigong

Conto Antigo



Há muito tempo atrás havia um velho mestre que conseguia transformar pedras comuns em pedaços de ouro. Muitas pessoas vinham ter com ele e pediam para ficar com os restos de pedaços de ouro que podiam estar por ali. O velho e gentil homem nunca os desapontava, e ajudava-os sempre que podia.
Um dia um rapaz de doze anos veio ter com ele e disse-lhe:
“Honrado mestre, ouvi dizer que consegues transformar pedras em pedaços de ouro. É verdade?”
O velho mestre respondeu:
“Sim, é verdade. Queres um pedaço de ouro como os outros? Se quiseres, eu transformarei uma pedra em ouro para ti.”
“Oh não, honrado mestre,” disse o rapaz, “Eu não quero o ouro. O que quero de si, se me permitir, é o seu truque de transformação das pedras em ouro.”
O mestre percebeu que este rapaz era diferente de todos os outros, e ele sorriu. O rapaz tinha percebido que se o velho mestre lhe desse um pedaço de ouro, logo iria ser gasto. Porém, se ele próprio soubesse como fazer ouro, ele teria ouro suficiente para o resto da sua vida.




Este pequeno conto, há muito que me acompanha na vida. Ao ouvir isto na minha primeira aula de Taijiquan, percebi que algo tinha que mudar em mim.

Numa sociedade como a de hoje onde apenas se querem resultados rápidos, sem se preocupar ou procurar a forma de obter os melhores resultados a longo prazo.

Quando vêem as flores ou comem o fruto, em que pensam? Notam apenas como são bonitas as flores e como é doce o fruto, ou pensam em como cultivá-las?


Nós temos as ferramentas para trabalharmos, para aprendermos o “truque”.
Um bom mestre apenas nos limpa a superfície das sujidades que acumulámos, mostrando assim o brilho do interior.
Não conseguem fazer por nós o que não conseguimos fazer por nós próprios.


O Qigong não é apenas uma série de “coreografias” e de movimentos engraçados que se aprendem numas aulas e que são rapidamente esquecidos.

Não é apenas umas postura da Arvore.

O Qigong é plenitude, é vazio.
É movimento e quietude.

É energia, o estudo da energia segundo dizem quando se separam os caracteres que compõem a palavra.


Não interessa saber fazer bem ou mal, rápido ou mais devagar. Esquecer uns movimentos.
Está tudo na intenção, na vontade, no foco…


É todo um processo de observação e de assimilação da natureza em nós e nós na natureza.

Este e outros contos, fazem-me sempre focar no treino. Criar objectivos e saber aquilo que procuro quando pratico Qigong.

O Qigong não é miraculoso, nem sequer tem todas as respostas para o que nos atormenta. Pode nos apresentar caminhos, que se abrem à nossa frente, que se trilham.
Caminhos que nos levam ao “truque”.
A essência do que é importante.

1 Comments:

At 8:25 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Amigo!!! Quanto tempo hem?? Pois é, a vida vai passando mas há coisas e pessoas q apesar de tudo relembram no nosso coração. Estou voltando bem devagarinho ao Fragmentos também :)
Beijos com muita saudade e carinho*

 

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