sábado, junho 24, 2006

Arrumações

Pela primeira vez em muitos anos tomei em braços a herculeana tarefa de arrumar o meu quarto.
Não acreditam pois não?!
Não foi todo, uma pequena parcela.
Foram quilos de papel directos para o "papelão".
E o que eu descobri no meio de tanto material didáctico.
Entre apontamentos do meu primeiro ano de Caloiro em Portalegre( quanto tempo já passou...), a mais apontamentos do meu segundo ano de Caloiro, já em Setubal, a mais material dos restantes anos apareceram-me Cartas.
Antigas.
De pessoas que já desapareceram da minha microesfera.
Algumas fiz por isso, outras nem tanto.
Li-as. Todas.
Lembrei-me dos momentos em que se passaram.
Das noites de conversa contigo, Paulinha.
Das tardes passadas na Escola a conversar com a Marisa, que tão rápido apareceste, tão rápido saiste, sem deixar rasto.
Dos dias infinitos, em que nada acontecia como se queria, das conversas em catadupa com o Mano mais novo.
Daquilo que nunca se passou, por cobardia. Dos teus grandes olhos azuis, que quando ainda hoje se cruzam com os meus, leio neles o que deixamos fugir., apesar de te saber e ver feliz Sandra.
Faz agora três anos, daquela longa noite de São João em Braga, em que eu sem mais nem menos, fugi. Deixando-te a sós. Já escrevi sobre isto, Sara. Não seria capaz de continuar. Nunca iria ser sincero contigo...Por tal, tenho-me penitenciado durante este tempo todo.
E ainda hoje não sei porque nos começamos a odiar tanto Karina. Nem a ler todas as cartas que ainda tinha em posse, consegui compreender...
Por estas pessoas, Paulinha, Marisa, Mano Novo, Sandra, Sara, Karina, fica aqui este post, apesar de não estar com vocês, vocês ainda continuam comigo...


Mas de todas, há uma que vou transcrever. Um pequeno papel...

Já não digo nada.
Não tenho palavras.
Talvez um dia
tu percebas.
Percebas o que te quero dizer.
E digo...
Mas só tu,
talvez um dia
tu o percebas.
O que te quero dizer.
Vais ver que não valeu a pena
sofrer.
Sofrer por um sonho
que não chegou a ser.
Amizade?!
Claro, sempre que quiseres...

Tantos anos volvidos desde que tenho a posse deste pequeno papel, à última revelação feita de chofre à minha porta, o ano passado, ainda espero, por saber o que há para dizer.


1 Comments:

At 12:38 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Os amigos verdadeiros são aqueles que vêm compartilhar a nossa felecidade quando os chamamos e a nossa infelicidade sem serem chamados. E tu, achas que és assim...

 

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