quarta-feira, setembro 28, 2005

Pretextos para fugir ao Real

(Encontrei este poema por acaso. Não poderia ter sido na melhor altura.)

Pretextos para fugir ao real

A uma luz perigosa como água
De sonho e assalto
Subindo ao teu corpo real
Recordo-te
E és a mesma
Ternura quase impossível
De suportar
Por isso fecho os olhos
(O amor faz-me recuperar incessantemente o poder da
provocação. É assim que te faço arder triunfalmente
onde e quando quero. Basta-me fechar os olhos)
Por isso fecho os olhos
E convido a noite para a minha cama
Convido-a a tornar-se tocante
Familiar concreta
Como um corpo decifrado de mulher
E sob a forma desejada
A noite deita-se comigo
E é a tua ausência
Nua nos meus braços

*
Experimento um grito
Contra o teu silêncio
Experimento um silêncio
Entro e saio
De mãos pálidas nos bolsos

Alexandre O´Neill

1 Comments:

At 10:13 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Que bom ter passado por aqui para te ver...AQUI, sempre encontro um
ombro (um poema, uma frase, um conto...) onde repousar a minha alma tão cansada...

Durante muito tempo, desisti de tudo, até de mim. Estou tentando
reerguer-me sozinha.Percebi
que ainda há muitos preconceitos quanto às enfermidades da alma.
Beijinhos

 

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