quarta-feira, novembro 09, 2005

Excerto

Este pequeno texto faz parte de uma entrevista de José Saramago ao Diário de Noticias, de hoje.
Entrevista referente ao seu novo livro, As Intermitências da Morte.
Fora do contexto, estas linhas perdem um pouco do seu valor, ou não se consegue perceber muito bem o que se quer dizer.
Mas imaginem que sabem que vão morrer nos próximos oito dias...

"Como acha que reagiria ao ser o destinatário de uma tal missiva?
- Não sei. Àlcool não, porque nunca fui dado a isso e não veria aí satisfação. No sexo sim, enquanto me fosse possível. Acho que o sexo é a única coisa que verdadeiramente não é impossível.
Uma relação sexual pode existir em qualquer momento ou em qualquer idade,nem que não se concretize pela penetração fisica de um corpo no outro. O sexo não se limita a isso. Iria tentar viver esses dias em paz, procurar aquilo a que chamamos paz interior, que não seria nunca resignação. Seria a aceitação de um facto. E tendo por companhia a minha mulher.
Oito dias para se despedir são oito vezes que o Sol nasce e em que o Sol se põe, oito dias para viver com as pessoas, olhar as árvores, respirar o ar. É uma eternidade, um tempo acrescentado à vida.